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Como a educação e o empreendedorismo podem impulsionar a ascensão social no Brasil




 ascensão social no Brasil


Um estudo sobre mobilidade social revela que a probabilidade de pessoas de baixa renda alcançarem o status de classe alta varia significativamente entre países e depende de diversos fatores. Nos Estados Unidos, por exemplo, um estudo conduzido pelo economista Raj Chetty e sua equipe na Harvard University, mostrou que as chances de uma criança nascida nas 20% famílias mais pobres atingir o topo da pirâmide econômica (os 20% mais ricos) são de aproximadamente 7,5%. Em contraste, países com maior igualdade social, como Dinamarca e Canadá, apresentam taxas superiores a 11%.


Fatores como educação de qualidade, ambiente familiar e redes de apoio social são essenciais para essa ascensão. A educação é um dos maiores motores de mobilidade social. Dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) indicam que indivíduos com ensino superior têm, em média, 2,5 vezes mais chance de pertencer aos 25% mais ricos em comparação àqueles sem diploma.


Além disso, o acesso ao crédito e oportunidades de empreendedorismo também desempenham papéis cruciais. Um estudo do Banco Mundial apontou que o empreendedorismo pode elevar os rendimentos familiares em até 30% em países em desenvolvimento, ampliando a chance de ascensão econômica.

Por fim, é importante observar que a mobilidade social não se resume apenas a esforços individuais, mas também a políticas públicas que promovam igualdade de oportunidades. A ascensão econômica, portanto, é o resultado de uma combinação complexa de fatores pessoais, sociais e estruturais.


A mobilidade social no Brasil é um tema amplamente estudado, especialmente devido às grandes desigualdades históricas e estruturais que caracterizam o país. No contexto brasileiro, o cenário é desafiador, mas também há sinais de avanços nos últimos anos, com dados importantes que ajudam a entender como pessoas de baixa renda podem ascender à classe média ou alta.


Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mobilidade social no Brasil ainda é limitada, mas houve melhorias entre 2000 e 2015, impulsionadas principalmente pelo crescimento econômico, programas sociais e maior acesso à educação. O percentual de pessoas que conseguiram subir de classe aumentou, especialmente nas regiões urbanas. Um estudo publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) revelou que entre 2003 e 2014, aproximadamente 32 milhões de brasileiros ascenderam à classe C (classe média). Esse período ficou conhecido como o "boom da classe C" e foi impulsionado por políticas como o aumento do salário mínimo, a expansão do crédito e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família.


Entretanto, a mobilidade para as classes mais altas (A e B) é ainda mais difícil. De acordo com uma pesquisa do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), apenas 4% das pessoas que nascem nas famílias mais pobres no Brasil conseguem alcançar o topo da pirâmide econômica, ou seja, os 20% mais ricos. Esse número é menor em comparação com países desenvolvidos e até mesmo com algumas nações emergentes.


A educação no Brasil, embora tenha melhorado em termos de acesso, ainda enfrenta desafios significativos quanto à qualidade. O impacto da educação na mobilidade social é claro: pessoas com ensino superior têm muito mais chances de ascender economicamente. Dados do IBGE mostram que brasileiros com diploma universitário ganham, em média, quase três vezes mais do que aqueles que possuem apenas o ensino médio completo. No entanto, apenas cerca de 18% da população brasileira em idade universitária estava matriculada no ensino superior em 2020, o que limita o alcance da mobilidade educacional como fator transformador.


Outro fator relevante para a mobilidade social no Brasil é o empreendedorismo. O Relatório Global de Empreendedorismo de 2021, elaborado pelo GEM (Global Entrepreneurship Monitor), aponta que aproximadamente 50 milhões de brasileiros estavam envolvidos em atividades empreendedoras. No entanto, o estudo também mostra que muitos desses empreendimentos são de subsistência, ou seja, negócios criados por necessidade, e não por oportunidade. Esse tipo de empreendedorismo, embora ajude as famílias a se sustentarem, oferece menos chances de crescimento e enriquecimento em comparação aos negócios que nascem de oportunidades identificadas no mercado.


Além disso, questões como a desigualdade racial e de gênero são fatores que limitam a ascensão econômica. No Brasil, pessoas negras e mulheres têm menos chances de subir na escala social. Segundo dados do IBGE, os rendimentos médios das pessoas negras são, em média, 56% menores que os rendimentos das pessoas brancas. Em termos de gênero, as mulheres também ganham menos do que os homens, mesmo quando possuem o mesmo nível de escolaridade e atuam em funções semelhantes.


Programas de transferência de renda e políticas públicas que buscam reduzir a desigualdade, como o Bolsa Família (agora Auxílio Brasil), têm um papel importante na mitigação da pobreza e na melhoria das condições de vida das classes mais baixas, mas não garantem, por si só, uma mobilidade para as classes mais altas. Estudos mostram que esses programas reduzem a extrema pobreza, mas a ascensão econômica mais significativa geralmente ocorre por meio de um conjunto de fatores, incluindo a educação de qualidade, o acesso a crédito e oportunidades de emprego formal.


Embora o Brasil tenha feito progressos na promoção de mobilidade social, o caminho para a ascensão de pessoas de baixa renda às classes mais altas ainda enfrenta muitos obstáculos. O ambiente econômico, a educação, o empreendedorismo e políticas públicas de inclusão continuam a ser os principais motores dessa mudança, mas é necessário um esforço contínuo para garantir que mais brasileiros tenham a oportunidade de melhorar suas condições de vida e superar as barreiras estruturais da desigualdade.

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